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6. set.2025–11.jan.2026
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Música taarab e improvisação são o foco principal da Invocação da 36ª Bienal de São Paulo em Zanzibar

A 36ª Bienal de São Paulo segue sua jornada global com a terceira Invocação, intitulada Mawali–Taqsim: Improvisação como espaço e tecnologia da humanidade, que acontecerá em Zanzibar, Tanzânia, de 11 a 13 de fevereiro de 2025. A Invocação será sediada pelos espaços Maru Maru e Golden Tulip Stonetown Boutique, em parceria com a Dhow Countries Music Academy (DCMA).

O programa explora o universo multifacetado da música taarab, abordando a improvisação como um espaço e uma tecnologia da humanidade. O tema é inspirado pelo conceito curatorial da 36ª Bienal de São Paulo, intitulado Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática, que toma como referência o poema “Da calma e do silêncio”, de Conceição Evaristo.

Sob a liderança curatorial do Prof. Dr. Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, acompanhado pelos co-curadores Alya Sebti, Anna Roberta Goetz e Thiago de Paula Souza, pela co-curadora at large Keyna Eleison, e pela consultora de comunicação e estratégia Henriette Gallus, a 36ª Bienal explora a ideia de humanidade como uma prática fundamentada em histórias compartilhadas e interseções culturais.

A Invocação em Zanzibar destaca as dimensões filosóficas e artísticas do taarab, um gênero musical que simboliza a hibridez cultural da ilha e ressoa como um meio profundo de expressão, sentimento e resiliência. A improvisação, elemento fundamental da música taarab, oferece uma metáfora poderosa para a adaptabilidade e a interconexão humanas. 

Ecos das complexidades da história de Zanzibar – um ponto de encontro de influências africanas, árabes, asiáticas e europeias – estão presentes na terceira Invocação, que propõe reflexões sobre as nuances e os sotaques da humanidade em uma ilha que é um verdadeiro ponto de interseção de múltiplas culturas, filosofias e ciências. Nas palavras de Djibril Diop Mambéty, a arte é “a gramática de nossas avós”, e o taarab incorpora essa essência por meio de sua mistura eclética de instrumentos musicais, letras poéticas e técnicas de improvisação. O rico tecido cultural de Zanzibar, refletido em sua língua, o suaíli, e em sua emblemática música taarab, será o palco dessa Invocação.

 

Sobre as Invocações

Em preparação para a 36ª Bienal de São Paulo – Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática, e para introduzir e afinar-se com a trama conceitual, uma série de programas públicos chamados Invocações acontecerão em quatro diferentes cidades ao redor do mundo: Marrakech; Les Abymes, Guadalupe; Zanzibar; e Tóquio.

Cada edição espelha o conceito da exposição de humanidade como prática a partir de um contexto local específico, reconfigurando-o e expandindo-o por meio de eventos ao vivo e uma publicação. O objetivo das Invocações é expandir o vocabulário da humanidade em pontos de interseção entre diferentes longitudes e latitudes.

Se a humanidade fosse um verbo, como ela seria conjugada nessas distintas geografias? O diretor senegalês Djibril Diop Mambéty uma vez descreveu o cinema – e, portanto, a arte – como “la grammaire de ma grande mère” [a gramática da minha avó], em alusão à familiaridade da arte, os aspectos intergeracionais das práticas artísticas, o coloquialismo da arte e a arte/prática artística enquanto gramática. As quatro Invocações exploram como os fazeres artísticos ao redor do globo ajudam a situar, enriquecer e expandir essas gramáticas. 

 

Programação:

11 de fevereiro de 2025, terça-feira, Maru Maru Hotel

19h – 19h45: Apresentação e boas-vindas do Prof. Dr. Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, Khamis Muhamed (DCMA) e Bernard Ntahondi

20h20 – 22h: Performance de Siti Muharam

 

12 de fevereiro de 2025, quarta-feira, Golden Tulip Stonetown Boutique

10h – 10h45: Palestra do Sr. Thabit Omar Kiringe, que está transcrevendo a música tradicional taarab de Zanzibar para notação no DCMA

11h – 11h45: Palestra com Rukia Ramadhani, participante de um dos grupos taarab mais antigos

14h – 15h: Taarab: Uma experiência de audiência no coração de Zanzibar. Apresentação de Mohamed Ameir Muombwa

16h – 18h15: Palestra com Thania Petersen

19h – 19h45: Performance musical e palestra com a banda DCMA Young Stars

 

13 de fevereiro de 2025, quinta-feira, Golden Tulip Stonetown Boutique

10h – 11h: Palestra com Aisha Bakary (Hijab DJ) explorando sua pesquisa sobre música e identidade

11h15 – 12h15: Palestra com Tryphon Evarist, diretor artístico do DCMA e premiado artista taarab

14h – 16h: Pausa

16h – 16h45: Palestra com Mohamed Ilyas, explorando a inseparabilidade da poesia e do taarab

17h – 5h45: Palestra por Bi Mariam Hamdan

19h – 20h: DJ set com Aisha Bakary (Hijab DJ)

 

13 de fevereiro de 2025, quinta-feira, Maru Maru Hotel

20h15 – 21h15: Performance musical com Uwaridi Female Band

 

Sobre os participantes

Aisha Bakary (Hijab DJ)

Conhecida como Hijab DJ, é a única DJ de Zanzibar. Aos 24 anos, fez da música sua carreira, desafiando os papéis tradicionais de gênero em uma sociedade onde se espera que as mulheres se dediquem às tarefas domésticas. Foi reconhecida como Mulher do Ano pela Women Future em 2019

Bernard Ntahondi

Profissional tanzaniano especializado em curadoria de filmes e gestão de patrimônio. Atualmente, é curador no Centro de Patrimônio Arquitetônico de Dar es Salaam, onde integra seus conhecimentos de arquitetura e história em seus projetos relacionados ao cinema.

Bonaventure Soh Bejeng Ndikung

Nascido em 1977 em Yaoundé, Camarões, Ndikung é o curador-chefe da 36ª Bienal de São Paulo, diretor e curador-chefe da Haus der Kulturen der Welt (HKW) em Berlim, diretor fundador da SAVVY Contemporary e também professor na Weißensee Academy of Art Berlin.

DCMA Young Stars

É um projeto composto por estudantes da Dhow Countries Music Academy (DCMA) de Zanzibar. O programa DCMA Young Stars foi criado para se apresentar no festival de música mundial da Alliance Française em Dar es Salaam. A banda apresenta uma diversidade de estilos e instrumentos, realizando combinações únicas de taarab, dança, gêneros africanos e latinos. 

Keyna Eleison

Curadora, escritora, pesquisadora e herdeira Griô, nascida no Rio de Janeiro, Brasil. Participou da Comissão do Patrimônio Africano para a designação do Cais do Valongo como Patrimônio Mundial pela UNESCO e foi gestora de centros culturais do Rio (2015–2017). Ex-coordenadora pedagógica da Escola de Artes Visuais – Parque Lage (2018–2019), curadora da 10ª Bienal SIART na Bolívia e diretora artística do MAM Rio (2020–2023). Curadora da primeira Bienal Amazônica (2023). Atua no desenvolvimento de exposições e na construção de significados de obras e processos artísticos, com experiência em coordenação pedagógica e na valorização do conhecimento oral.

Khamis Muhamed

Artista, curador e defensor cultural de Zanzibar, com mais de três décadas de experiência em artes plásticas, gestão cultural e desenvolvimento comunitário. Dedicou sua carreira à preservação e promoção das formas de arte africanas e suaílis por meio da educação, exposições e projetos criativos.

Bi Mariam Hamdan
Jornalista, musicista e defensora cultural. Após se aposentar, Mariam usou sua pensão para comprar instrumentos musicais, muitas vezes de segunda mão, e se tornou a primeira mulher em Zanzibar a tocar o instrumento qanun publicamente. Em 2009, ela fundou a Tausi Women’s Taarab (que significa “Pavão”), a primeira orquestra de taarab formada exclusivamente por mulheres em Zanzibar. Esse grupo realiza apresentações de música taarab swahili, revolucionando a forma de uma arte tradicionalmente dominada por homens. Mariam também é presidente da Associação de Taarab, que inclui sete grupos de taarab em Zanzibar.

Mohamed Ameir Muombwa

Profissional de mídia, assessor governamental e defensor do desenvolvimento social, com uma carreira de mais de três décadas no serviço público e no jornalismo. Sua experiência em relações governamentais, mídia e desenvolvimento comunitário o posiciona como uma figura-chave na promoção do patrimônio cultural e político de Zanzibar.

Mohamed Ilyas

Um dos músicos taarab mais icônicos de Zanzibar, conhecido por preservar e enriquecer o patrimônio cultural da ilha. Sua música mistura as raízes árabes do taarab com um estilo distintamente zanzibari, frequentemente incorporando melodias inspiradas na música europeia.

Rukia Ramadhani

Cantora tradicional de taarab de Zanzibar, conhecida por sua voz única e por preservar a essência do gênero musical emblemático da cultura suaíli.

Siti Muharam
Reimaginou o que antes era música formal de corte, transformando-a em uma forma privada de improvisação com um espírito inclusivo, que combina letras em árabe e suaíli. Assim, abriu caminho para outras cantoras de taarab, como Bi Kidude. Hoje, Siti Muharam anima a vida e o legado de sua lendária bisavó. Com o apoio de The Vinyl Factory, Songlines, DJs britânicos Gilles Peterson e Tom Ravenscroft, entre outros, o álbum de estreia de Siti Muharam, Siti of Unguja, foi aclamado pela crítica e considerado um dos principais lançamentos de música africana de 2020.

Thania Petersen

Artista multidisciplinar que utiliza fotografia, performance e instalação para abordar as complexidades de sua identidade na África do Sul contemporânea. Suas referências incluem o Islã e a conscientização sobre suas práticas religiosas, culturais e tradicionais. Petersen busca desconstruir tendências contemporâneas de islamofobia e analisar o impacto contínuo do colonialismo, imperialismo europeu e americano, e o aumento de ideologias de extrema direita.

Tryphon Evarist 

Músico, compositor, dançarino tradicional e professor de Zanzibar, onde atua como diretor artístico da Academia de Música dos Países Dhow. Tryphon domina uma variedade de instrumentos musicais, como acordeão, clarinete, qanun e tambores tradicionais, com um compromisso com a preservação das artes culturais africanas.

Thabit Omar Kiringe

Educador musical e um dos fundadores da Dhow Countries Music Academy Zanzibar (DCMA). Suas contribuições para a educação musical e a preservação da música tradicional taarab são amplamente reconhecidas.

Uwaridi Band

Grupo musical formado por 11 mulheres de Zanzibar. As artistas tocam instrumentos como violino, acordeão, tabla, cajón, ngoma, zeze, rimba, sanduku, vidumbaki, rika e percussões. Além da música taarab, exploram também afro-fusão, muziki kwa dansi e kidumbaki.

 

Sobre o Dhow Countries Music Academy Zanzibar (DCMA)

A Dhow Countries Music Academy Zanzibar (DCMA) é uma organização sem fins lucrativos, educacional e cultural registrada em março de 2001. A DCMA abriu a primeira escola de música de Zanzibar em setembro de 2002, oferecendo aulas de música e instrumentos a um custo mínimo para qualquer pessoa interessada em estudar música relacionada ao seu contexto cultural ou em adquirir domínio de um instrumento. A ênfase especial tem sido no ensino de instrumentos e estilos musicais tradicionais, como taarab, beni e kidumbak. O objetivo geral da DCMA é preservar e promover o patrimônio musical de Zanzibar e da região do Dhow.

 

Serviço
36ª Bienal de São Paulo – Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática
Curador geral: Bonaventure Soh Bejeng Ndikung / Cocuradores: Alya Sebti, Anna Roberta Goetz, Thiago de Paula Souza / Cocuradora at large: Keyna Eleison / Consultora de comunicação e estratégia: Henriette Gallus

Invocação #3 – Zanzibar
Mawali–Taqsim: Improvisação como espaço e tecnologia da humanidade
11–13 fev 2025
entrada gratuita

Maru Maru Hotel
ter, 19h–22h
qui, 20h15–21h15
Gizenga St, P.O. Box 4053

Golden Tulip Stonetown Boutique
qua, 10h – 19h45
qui, 10h – 20h
Malindi Road, P.O. Box 271
Zanzibar, Tanzânia

 

O título da 36ª Bienal de São Paulo, “Nem todo viandante anda estradas”, é composto por versos da escritora Conceição Evaristo.

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