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6 set 2025–11 jan 2026
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Theo Eshetu

Theo Eshetu

André Pitol

 

A montagem, o ritmo entre imagens, sons e histórias, está na trama da pesquisa estética de Theo Eshetu. Uma experimentação que, como a própria imagem técnica – eletrônica e digital –, se manifesta no tempo, seja ele manipulado, invertido, fragmentado, repetido, espelhado, orquestrado, sem esquecer que ele também é espiralado. Eshetu é figura-chave de uma cena que uma vez foi conhecida como videoarte, uma trajetória poética que nos move para os anos 1980, quando o artista fotografou a cena musical e experimentou com a arte em composições de múltiplos monitores, nas quais questões da história, da ciência, da natureza, temas sociais, iconográficos, rituais e espirituais eram remixados, oferecendo uma percepção nova de mundo.

As múltiplas operações que Eshetu criou com o monitor – empilhando-o até ele se tornar uma parede, arranjando-o em diagonais, suspendendo-o no teto de um museu ou mesmo acoplando-o a diferentes dispositivos estruturais e instalativos – faz do artista um manipulador da linguagem audiovisual como um sistema cultural de significados ou mesmo como uma técnica cultural. Técnica cultural exatamente no sentido de que ela pressupõe uma noção de culturas plurais, que exterioriza e materializa imaginários, crenças e declarações, envolvendo um contínuo trabalho simbólico.

A reflexão tecnocultural de Eshetu para a 36a Bienal de São Paulo opera sobre a natureza da vida vegetal. Não tanto como jardim que administra a natureza para a apreciação humana, mas sim o jardim como uma ambientação filosófica anterior à intervenção humana – “uma leitura contemporânea do papel da Natureza como um aspecto integral da Humanidade”, nas palavras do próprio artista – e que estabelece situações de convivência entre natureza, vida e humanidade. Imagens de flores, plantas, biomas e ecossistemas tornam-se videoclipes caleidoscópicos sobre a natureza da humanidade. E, na medida em que tal esforço não é feito em silêncio, o componente sonoro do jardim de Eshetu é igualmente importante. Uma trilha sonora que circunda e envolve a obra é poeticamente composta pela mixagem de vozes de figuras como Maya Angelou e outras que refletiram sobre resiliência, a força da humanidade e a consciência das plantas.

André Pitol
Uma estrutura preta com telas de diversos tamanhos exibindo imagens coloridas que remetem a plantas. As cores predominantes são verde, amarelo e branco.
Vista de The Garden – Ode to Courage, de Theo Eshetu, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Uma estrutura preta com telas de diversos tamanhos exibindo imagens coloridas que remetem a plantas. As cores predominantes são azul, branco e verde. Ao fundo, uma parede amarela.
Vista de The Garden – Ode to Courage, de Theo Eshetu, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Uma estrutura preta com telas de diversos tamanhos exibindo imagens coloridas que remetem a plantas. As cores predominantes são azul, branco e verde.
Vista de The Garden – Ode to Courage, de Theo Eshetu, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo

Theo Eshetu (Londres. Vive entre Berlim, e Roma) investiga, em sua obra, as relações entre mídia, identidade e redes globais de informação. Após estudar fotografia, começou a produzir vídeos no início da década de 1980, com o objetivo de desconstruir o status hegemônico da televisão, que via como instrumento de poder institucional. Sua obra, que inclui documentários, instalações e filmes, utiliza imagens em movimento para criar uma realidade pessoal, distinta das narrativas institucionais ou políticas convencionais. Influenciado por sua trajetória de vida na África Ocidental, desenvolve uma perspectiva global em sua prática. Seu trabalho já foi apresentado em eventos como a Bienal de Veneza e a Documenta, além de instituições como a Whitechapel Gallery, em Londres.

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