Um nome destacado na arte contemporânea chinesa, Song Dong narra suas histórias de expressão pessoal, reconciliação familiar e realidades vividas nos cenários de uma China em constante transformação. Com uma obra densa que abrange escultura, instalação, performance, fotografia e vídeo, seus trabalhos frequentemente são compostos de objetos cotidianos e efêmeros, aludindo à impermanência da mudança enquanto questionam hierarquias materiais em relação a temas pessoais e globais. Formado em pintura a óleo pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Normal de Pequim em 1989, Song desconstruiu gradualmente as convenções de sua pintura, rompendo com ela antes de se voltar para formas de arte experimental e vanguarda após seu casamento com a artista Yin Xiuzhen em 1992. Entre seus projetos notáveis estão Water Diary [Diário de água] (1996), no qual registrou sua prática diária de escrever com água sobre pedra e observar sua evaporação, e a série Eating the City [Comendo a cidade] (2003-2006), realizada em diversas metrópoles, na qual instalações comestíveis destacavam a urbanização acelerada e o consumismo obsessivo da China.
Para a 36a Bienal de São Paulo, Song desdobrou suas indagações poéticas em torno do conceito de “emprestar”, como forma de refletirmos sobre nossa existência transitória e criarmos conexões em um mundo globalizado. Inspirada nos labirintos de espelhos comuns em Parques de diversões e no método tradicional chinês do feng shui, que usa espelhos e janelas para expandir o espaço interior ao trazer o mundo externo, Borrow Light [Emprestar a luz] (2025) é uma instalação espacial participativa que busca criar um vazio simbólico, enfatizando as conexões ilimitadas entre as pessoas enquanto evoca a fugacidade de nossa presença. As diversas cadeiras e luminárias da instalação, todas emprestadas de residências particulares, servem como lugares de pausa e iluminação que facilitam momentos efêmeros de contemplação. Brincando com elementos fluidos, como luz, reflexo e ilusão, a obra de Song mergulha o público em um universo infinito, onde nossas imagens e pensamentos se entrelaçam em uma luz prateada e brilhante.