Simnikiwe Buhlungu é uma artista de Joanesburgo que atualmente vive e trabalha em Amsterdã. Interessada na produção de conhecimento – como ele é gerado, por quem e de que maneira se dissemina –, ela investiga fenômenos sócio-históricos e cotidianos ao navegar por essas perguntas e suas infinitas possibilidades de resposta. Valendo-se de metodologias baseadas em pesquisa, trabalha com som, texto, instalação e publicações, mapeando pontos de cognição que situam camadas diversas de consciência como ecologias em reverberação.
Em projetos recentes, ela tem se debruçado sobre a questão de como saber se algo invisível está presente entre nós. Essa reflexão surge de uma investigação em torno da pesquisa (i)material, desenvolvida em diálogo com um microbiologista e químico, buscando compreender como instrumentos científicos podem se tornar metodologias para perceber o que não é visível, mas existe no tempo, atravessando narrativas geo-históricas e genealogias. Buhlungu foi residente na Rijksakademie van Beeldende Kunsten, em Amsterdã, entre 2020 e 2022, e formou-se em Belas Artes pela University of the Witwatersrand em 2017.
Para a 36a Bienal de São Paulo, ela apresenta Ventilated Pipe Progenies in Another Elsewhere [Progênies de tubos ventilados em outro alhures] (2025), uma adaptação site-specific do projeto long time lung time continuuum!!! (a conver-something) [continuum de longo tempo pulmão tempo!!! (um conver-algo)], realizado em 2024 no Kunst im Tunnel (KIT), em Düsseldorf. Essa iteração revela uma unidade de parentesco composta de tubos de ventilação, que se estendem a partir do teto do Pavilhão e descem até abaixo dele, conectando-se aos mecanismos circulatórios do edifício, cuja ventilação permite que diversas formas de encontro, percepção e escuta ocorram dentro de sua arquitetura. Além disso, esses tubos metálicos remetem à consciência e ao funcionamento de uma estrutura física, bem como à sua capacidade de falar, questionar, propor ou existir em zonas de ambiguidade. Aqui, os tubos não apenas inalam e exalam ar como um sistema pulmonar estrutural, mas também redirecionam espacialmente o ar em loops de assobios, sopros, bufos e gestos sonoros tonais. Cada tubo mantém um diálogo com seu irmão, trocando de forma simultânea o ar circulado pelos visitantes; no conjunto, sincronizados em uma respiração sincopada.
Agradecimentos: Salmo Albatal, Stephan Kuderna (Metal Workshop, Rijksakademie van Beeldende Kunsten), Stefano Rattini (Organista Trentino), Leonardo Ciarleglio, Barbara Cappello e Maurizio Zelada.