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6 set 2025–11 jan 2026
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Shuvinai Ashoona

Shuvinai Ashoona

Ana Paula Lopes

 

Povoada por tradições e histórias de seres míticos, a sociedade Inuit é marcada por uma diversidade linguística que complexifica suas relações com a natureza. Essa rica cultura, própria de um dos povos originários do Ártico, é o alicerce dos delicados e expressivos desenhos da artista Shuvinai Ashoona.

Vinda de uma família de artistas, Shuvinai Ashoona nasceu em 1961 em Kinngait (povoado conhecido, até 2020, como Cape Dorset), no território de Nunavut, no Canadá. Ashoona transforma os seus desenhos em um campo mágico, no qual se entrelaçam cosmologias e representações sociais da vida inuit, ao mesmo tempo que refletem as drásticas mudanças climáticas que afetam nosso planeta. Atuando desde a década de 1990, a artista desenvolve sua produção no Kinngait Studios, uma cooperativa de arte comunitária, tendo como o principal meio de expressão o papel, o grafite e o lápis de cor.

Com contornos nítidos e de traços delicados, o desenho de Shuvinai Ashoona se desdobra em um tempo que escapa à lógica do contemporâneo. As suas obras são impregnadas de memória, narrativas e cosmologias xamânicas ligadas à tradição ártica. Em tons suaves e linhas serenas, seus desenhos se constroem em planos, representando desertos árticos e enseadas habitadas por seres mágicos e por seres inuit. Os traços, acompanhados por delicadas hachuras pictóricas, evocam narrativas que atravessam temporalidades cruzadas, habitando a ambiguidade entre passado e futuro. Suas composições revelam forças espirituais e múltiplas narrativas sociais, perceptíveis especialmente na diversidade de representações humanas. O papel se torna, assim, um território povoado por seres fantásticos e questões ecológicas, que aprofundam e reafirmam as raízes culturas da artista.

Ana Paula Lopes

Shuvinai Ashoona (1961, Kinngait. Vive e trabalha em Kinngait) é artista conhecida por seus desenhos detalhados a caneta e lápis, retratando paisagens do norte e a vida contemporânea inuit. Cenas ora inspiradas na natureza, ora na imaginação, são densamente elaboradas sobre o papel. Motivos recorrentes incluem formas ovais, itens do cotidiano como a lamparina de pedra e a faca de lâmina curva, além de referências históricas. Sua obra foi apresentada em instituições como a Art Gallery of Ontario, a National Gallery of Canada, a Bienal de Sydney e o Centre for Contemporary Arts Glasgow. Ashoona recebeu o Prêmio Gershon Iskowitz, uma menção especial da 59ª Bienal de Veneza e o Governor General’s Award in Visual and Media Arts.

Esta participação tem apoio do Canada Council for the Arts.