Oscar Murillo apresenta A Song to a Tearful Garden [Uma canção para um jardim que chora] (2025), uma pintura coletiva e site-specific no Parque Ibirapuera. Os visitantes da Bienal encontrarão estruturas curvilíneas de andaimes dispostas em ambos os lados do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, cada uma com telas em branco e materiais artísticos para que o público crie uma série de pinturas em grande escala. Semanalmente, as intervenções do público formarão camadas sobrepostas de tinta, criando um espaço de reflexão em contraste com a energia cosmopolita da cidade ao redor. Nessa dualidade entre natureza e modernidade urbana, as telas testemunham a ideia de uma escuridão que assombra superfícies aparentemente harmoniosas. Essa é uma preocupação frequente na obra de Murillo, que aqui dialoga com a biografia de Claude Monet e suas famosas Ninfeias (1920-1926), pintadas enquanto o artista lidava com a catarata e a perda progressiva da visão. No Parque, essas telas colaborativas tornam-se uma ode ao entorno: uma canção para um jardim que chora.
Antes da instalação, Murillo convidou amigos, familiares e público para criar a camada base das pinturas, em sessões de desenho em diversas partes do mundo. As telas viajarão para São Paulo atravessando o Atlântico, passando por África, América Latina e Caribe, celebrando um espírito coletivo ancorado no exercício do gesto pictórico, processo que o artista chama de mapeamento social. Os resultados, com suas marcas acumuladas, encarnam a passagem do tempo, o fluxo de pessoas e os marcadores geográficos que nos conectam. As próprias estruturas evocam o poder do coletivo em espaços comuns, usando gestos, repetição e transbordamento de traços para ativar tanto espectadores quanto participantes.
Essa energia coletiva ecoa na instalação Mesmerizing Beauty [Beleza hipnotizante] (2025), apresentada dentro do Pavilhão. A obra reúne paisagens marinhas pintadas a óleo sobre caixas de papelão, onde ainda vislumbramos vestígios de sua vida anterior como embalagens comerciais sob as pinceladas gestuais de Murillo. Apoiadas em hastes de madeira e presas a cadeiras plásticas descartáveis, as peças manifestam uma dissonância que dialoga poeticamente com a participação pública ocorrendo do lado de fora. O artista colaborará com a equipe de educação da Bienal, convidando instituições culturais e educacionais a contribuir com essa obra coletiva, abraçando o conceito curatorial de refletir sobre a humanidade, ocupar espaços e fomentar encontros.