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6 set 2025–11 jan 2026
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Noor Abed

Noor Abed

Rita Vênus

 

A obra de Noor Abed evidencia uma relação profunda entre corpo e memória. Em seus trabalhos, a dança e o canto são não apenas formas de expressão, mas dispositivos encenados para a transmissão de histórias coletivas. A interseção entre realidade e magia em sua abordagem cinematográfica permite que suas obras criem atmosferas carregadas de simbolismo, nas quais o tempo parece se desdobrar na infinita regeneração dos mitos.

No filme our songs were ready for all wars to come [nossas canções estavam prontas para todas as guerras do porvir] (2021), a artista compôs uma afirmação de vida e uma reinvenção de tradições, criando uma paisagem sonora e um desenho coreográfico intimamente atrelados ao contexto sociopolítico palestino. Optando pelo formato analógico do filme, Abed inaugura imagens partindo do documentário, mas com uma temporalidade específica em que o mágico e o imaginado atravessam a gestualidade ancestral performada, bem como as relações entre os indivíduos que dançam e cantam e que, de muitos modos, traduzem no cotidiano dos seus corpos as ideologias incorporadas.

Tal investigação dos gestos retorna em a night we held between [uma noite que tivemos entre] (2024), segundo filme apresentado. Nesse mergulho sonoro, o cântico é um lamento, uma pergunta e uma prece de afastamento da guerra. Das cavernas de onde os sons são captados, as imagens são imersas ao lado dos arquivos fotográficos e da repetição gestual da dança ainda mais sublinhada em torno do fogo e das mulheres. Essa investigação sonora ganha ainda mais centralidade na performance Nothing Will Remain Other Than the Thorn Lodged in the Throat of This World [Nada restará além do espinho alojado na garganta deste mundo] (2025), com Haig Aivazian, que também está presente na 36ª Bienal de São Paulo.

O uso de captações sonoras a partir do local em que a artista filma reforça uma dimensão sensorial da memória e da experiência coletiva. Ao situar as narrativas nas cavernas, entradas e buracos seculares, que também é sua paisagem natal, Abed como que encena as transformações dos rituais, reinventando formas de resistência, em que a permanência dos corpos no território se torna o ponto de convergência de luta e sobrevivência.

Rita Vênus
Uma sala escura com projeção de video.
Vista de our songs were ready for all wars to come, de Noor Abed, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Um homem e uma mulher vestindo roupas pretas falando em microfones com uma parede vermelha de fundo e plateia nas laterais.
Vista da performance Nothing Will Remain Other than the Thorn Lodged in the Throat of this World, por Noor Abed e Haig Aivazian, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Iza Guedes / Fundação Bienal de São Paulo
Uma sala escura com projeção de video e duas pessoas em pé assistindo.
Vista de our songs were ready for all wars to come, de Noor Abed, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Uma sala escura com projeção de video. No video, uma escada de pedra.
Vista de our songs were ready for all wars to come, de Noor Abed, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Uma mulher vestindo roupas pretas em frente a um microfone num ambiente pouco iluminado com foco de luz sobre ela.
Noor Abed durante a performance Nothing Will Remain Other than the Thorn Lodged in the Throat of this World, por Noor Abed e Haig Aivazian, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Iza Guedes / Fundação Bienal de São Paulo
Uma sala escura com projeção de video. No video, uma pessoa olha para cima em frente a uma escada de pedra.
Vista de our songs were ready for all wars to come, de Noor Abed, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Um homem e uma mulher vestindo roupas pretas batendo palma com uma parede vermelha de fundo.
Vista da performance Nothing Will Remain Other than the Thorn Lodged in the Throat of this World, por Noor Abed e Haig Aivazian, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Iza Guedes / Fundação Bienal de São Paulo
Um homem e uma mulher vestindo roupas pretas batendo palma com uma parede vermelha de fundo.
Vista da performance Nothing Will Remain Other than the Thorn Lodged in the Throat of this World, por Noor Abed e Haig Aivazian, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Iza Guedes / Fundação Bienal de São Paulo
Um homem e uma mulher vestindo roupas pretas falando em microfones com uma parede vermelha de fundo.
Vista da performance Nothing Will Remain Other than the Thorn Lodged in the Throat of this World, por Noor Abed e Haig Aivazian, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Iza Guedes / Fundação Bienal de São Paulo
Uma mulher vestindo roupas pretas em frente a um microfone num ambiente pouco iluminado com foco de luz sobre ela.
Noor Abed durante a performance Nothing Will Remain Other than the Thorn Lodged in the Throat of this World, por Noor Abed e Haig Aivazian, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Iza Guedes / Fundação Bienal de São Paulo
Um homem e uma mulher vestindo roupas pretas falando em microfones com uma parede vermelha de fundo e plateia nas laterais.
Vista da performance Nothing Will Remain Other than the Thorn Lodged in the Throat of this World, por Noor Abed e Haig Aivazian, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Iza Guedes / Fundação Bienal de São Paulo
Uma mulher de costas, vestindo roupas pretas, falando a um microfone com plateia ao lado e um homem a frente.
Vista da performance Nothing Will Remain Other than the Thorn Lodged in the Throat of this World, por Noor Abed e Haig Aivazian, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Iza Guedes / Fundação Bienal de São Paulo
Um homem vestindo roupas pretas em frente a um microfone num ambiente pouco iluminado com foco de luz sobre ele.
Haig Aivazian durante a performance Nothing Will Remain Other than the Thorn Lodged in the Throat of this World, por Noor Abed e Haig Aivazian, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Iza Guedes / Fundação Bienal de São Paulo
Uma sala escura com projeção de video. No video, uma pessoa observa uma fotografia em preto e branco.
Vista de a night we held between, de Noor Abed, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Um homem e uma mulher vestindo roupas pretas falando em microfones com uma parede vermelha de fundo.
Vista da performance Nothing Will Remain Other than the Thorn Lodged in the Throat of this World, por Noor Abed e Haig Aivazian, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Iza Guedes / Fundação Bienal de São Paulo

Noor Abed (1988, Jerusalém. Vive entre Jerusalém e Amsterdã) é artista interdisciplinar e cineasta cuja prática transita entre performance e cinema, explorando como coreografias sociais e formas de organização coletiva se manifestam na arte. Mesclando elementos do documentário e da encenação, suas obras investigam os limites entre realidade e representação. Cofundou a School of Intrusions, coletivo educacional independente sediado em Ramallah. Atuou como assistente curatorial na documenta 15 (Kassel) e participou da residência artística da Rijksakademie van Beeldende Kunsten (Amsterdã). Recebeu o Han Nefkens Foundation/Fundació Antoni Tàpies Video Art Production Grant, destinado à produção de videoarte.​

Esta participação tem apoio de Mondriaan Fund

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