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6 set 2025–11 jan 2026
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Nádia Taquary

Nádia Taquary

Ana Paula Lopes

 

Em suas esculturas, Nádia Taquary evoca o poder feminino por meio da fundição do bronze. Ao transmutar o metal e moldá-lo, a artista imprime um refinamento técnico que remete à suntuosa produção milenar africana. Sua obra ressignifica tradições de matrizes africanas, trazendo à tona tecnologias, narrativas e estéticas que foram historicamente ignoradas ou apropriadas pelo Ocidente.

A partir de seus estudos sobre a joalheria afro-brasileira, Taquary mergulha na história ancestral, religiosa e afro-feminina. As joias, como as pencas de balangandãs que adornavam as cinturas de mulheres negras no período escravagista, são símbolos de força e poder. Ao expandi-las para o tridimensional, a artista desconstrói narrativas impostas pelo colonialismo e pela própria história da arte.

Na instalação Ìrókó: A árvore cósmica (2025), criada para a 36ª Bienal de São Paulo, a artista aprofunda sua relação com os materiais e com a forja do bronze. Utilizando fibra de vidro, esculturas em bronze representando as Ìyámis (entidades femininas ancestrais) e fios de contas nas cores da divindade Ìrókó, a obra evoca o conhecimento ancestral por meio do ciclo da vida. Ìrókó, orixá senhor do tempo e da ancestralidade, passou a ser cultuado no Brasil por meio da gameleira – árvore presente nos terreiros de religiões de matriz africana, sinalizada por uma bandeira branca. Ìrókó é o antídoto para os males, a calma após a tempestade, a inevitabilidade da vida. Foi a primeira árvore plantada e, segundo a tradição, foi por ela que os orixás desceram à Terra, e sobre ela pousaram as feiticeiras Ìyámis.

Ana Paula Lopes
Três estátuas de figuras femininas com atributos de pássaros, com uma grande árvore de miçangas amarelas ao fundo
Vista de Ìrókó: A árvore cósmica, de Nádia Taquary, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Grande árvore de miçangas amarelas com fios pendentes dos galhos, e estátua de mulher com atributos de pássaro ao lado direito
Vista de Ìrókó: A árvore cósmica, de Nádia Taquary, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Estátua segurando objeto arredondado
Detalhe de Ìrókó: A árvore cósmica, de Nádia Taquary, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Escultura de mulher com cabeça de pássaro
Detalhe de Ìrókó: A árvore cósmica, de Nádia Taquary, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Escultura de mulher com asas e cabeça de pássaro, segurando objeto circular e grande árvore de miçangas amarelas ao fundo
Detalhe de Ìrókó: A árvore cósmica, de Nádia Taquary, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Duas estátuas de figuras femininas com atributos de pássaros, com uma grande árvore de miçangas amarelas ao fundo
Vista de Ìrókó: A árvore cósmica, de Nádia Taquary, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Grande árvore de miçangas amarelas, com fios pendentes dos galhos
VIsta de Ìrókó: A árvore cósmica, de Nádia Taquary, na 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Escultura de mulher com asas e cabeça de pássaro, com objeto circular no chão e grande árvore de miçangas amarelas ao fundo
Vista de Ìrókó: A árvore cósmica, de Nádia Taquary, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo

Nádia Taquary (Salvador, 1967. Vive em Salvador) investiga tradições e práticas do sagrado afro-brasileiro, a presença do protagonismo feminino negro e seu legado ancestral. Seu trabalho questiona e desconstrói narrativas eugênicas, eurocêntricas e patriarcais que restringem o acesso a conhecimentos oriundos das Áfricas pré-coloniais. Em 2024, participou da 24ª Bienal de Sydney e realizou uma exposição individual no Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro). Suas obras integram coleções do Museu de Arte Moderna da Bahia (Salvador), Pinacoteca de São Paulo , Pérez Art Museum (Miami), Museum of Arts and Design (Nova York), Institute for Studies on Latin American Art (Nova York) e Museo Nacional Thyssen-Bornemisza (Madri).