Metta Pracrutti é um grupo informal de artistas que se reuniu por ocasião da 36ª Bienal de São Paulo para desenvolver de forma coletiva um projeto que reflete sobre as dinâmicas socioculturais e políticas que moldam as experiências de comunidades marginalizadas.
Embora a Constituição da Índia tenha abolido oficialmente o sistema de castas e a prática da intocabilidade em 1950, a casta continua sendo uma força significativa na sociedade indiana. Apesar desse marco legal, práticas sociais e normas culturais seguem perpetuando a discriminação baseada na divisão, influenciando interações sociais, casamentos e o acesso a recursos. Essa exclusão vai além do campo social, incluindo punições coletivas, como o acesso restrito à água e a imposição sistemática de trabalhos considerados degradantes. A opressão é imposta sem justificativa, tornando-se um crime sem culpa. A verdadeira liberdade, portanto, só pode ser alcançada com o desmantelamento dos fundamentos religiosos que sustentam o sistema de castas. A liberdade legal só se torna significativa quando acompanhada de uma libertação social e cultural, permitindo que Dalits vivam sem discriminação.
O título do projeto, Monsoon [Monção] (2025), refere-se aos ventos sazonais que alternam entre períodos de chuva e seca em regiões tropicais e subtropicais. A monção funciona como uma metáfora potente para as transformações intensas, porém interconectadas, que impactam essas realidades. O grupo desafia as estruturas sociopolíticas de segregação na Índia ao mesmo tempo que abraça formas artísticas diversas para promover uma visão holística das experiências vividas por diferentes comunidades.
Por meio de obras de artistas distintos, Monsoon explora temas como identidade, resistência e relações de poder. A variedade de técnicas – incluindo vídeos, xilogravuras, bordados, instalações e pinturas – reflete tanto a individualidade de cada artista quanto a unidade de um movimento coletivo em defesa da justiça social e dos direitos humanos. Cada obra carrega uma história de resistência à exclusão e está situada em um contexto mais amplo de questionamento das normas sociais e culturais. A metáfora da monção, que evoca a alternância entre intensidade e calmaria, também espelha a experiência dessas comunidades, que, embora submetidas a ciclos de opressão, seguem demonstrando uma resiliência inabalável.
O grupo é composto por: Abin Sreedharan K P, Bhushan Dilip Bhombale, Kumari Ranjeeta, Malvika Raj, Mayuri Madhu Chari, Mohammed Mukhtar Abdul Rauf Kazi, Parag Kashinath Tandel, Prabhakar Kamble, Rajyashri Rose Goody, Ruivah Shimray Zamthingla, Sagar Kamble, Somnath Baburao Waghamare, Sreeju Radhakrishnan, Tejswini Narayan Sonawane e Vikrant Vishwas Bhise