Meriem Bennani formou-se em Belas Artes pela Cooper Union (Nova York) em 2012, após concluir seu mestrado em animação pela École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs (Paris) em 2011. Transitando entre a estética dos reality shows e imagens documentais combinadas com animações pós-internet e efeitos visuais, seus vídeos e instalações abordam experiências diaspóricas, hibridização cultural e fronteiras linguísticas. Seus trabalhos dramatizam e ressignificam símbolos e tendências neo-orientalistas, como o Caftan, a Chicha ou a dança oriental, reinterpretados por uma diversidade de personagens (inspirados tanto na realidade quanto em universos digitais), através de referências às redes sociais, à ficção científica e a um forte senso de absurdo e ironia. A abordagem de Bennani na criação de instalações é profundamente experimental e improvisada, privilegiando a espontaneidade e o lúdico, pois se fundamenta em uma experiência multissensorial para o espectador, que se torna parte ativa da instalação ao atravessar camadas de imagens e sons, em uma vivência caleidoscópica. Funcionando como catalisadores multimídia da cultura neopop digital contemporânea, suas instalações nos conscientizam sobre nosso papel e agência diante do consumo passivo na era das redes sociais e da imediatez.
Típico de sua prática, Mission Teens [Missão adolescentes] (2019) levanta questões críticas sobre o neocolonialismo francês e seu soft power no Marrocos através do sistema educacional. Misturando referências da cultura pop e casas antropomorfizadas de bairros gentrificados, Bennani acompanha um grupo de adolescentes marroquinos de Rabat que frequentam a escola francesa, refletindo sobre a influência da França em suas vidas.
Já Life on the CAPS [Vida em CAPS] (2018-2019), uma instalação em oito canais, transporta-nos para um futuro absurdo em que a imigração se limita a uma ilha no meio do oceano Atlântico, onde uma nova sociedade começa a se formar. A ilha dos CAPS torna-se uma metáfora performativa de como pensamos os movimentos diaspóricos. A questão mais prolífica de Bennani talvez seja: como superar a política binária de identidade, entre assimilação e pertencimento, experimentando um terceiro espaço, um entre-lugar que mistura e traduz culturas e geografias.