entrada gratuita
6 set 2025–11 jan 2026
Newsletter
Newsletter

Márcia Falcão

Márcia Falcão

Ana Paula Lopes

 

A produção artística de Márcia Falcão explora a pintura como protagonista, tomando o corpo como ponto de ruptura e distensão da figuração. Por meio de gestos expressivos e densos, sua obra revela uma investigação profunda sobre o meio pictórico, na qual o corpo aparece não apenas como motivo, mas como campo de tensão e experimentação.

A artista é reconhecida por suas obras de grande escala, em que combina, com precisão, componentes figurativos e abstratos. Seu processo criativo parte de um elemento central que orienta a construção dos planos e da composição. Sua paleta é marcada por cores intensas e vibrantes, como vermelhos, pretos e diversas tonalidades de marrom, que não apenas expressam a diversidade dos corpos e como a corporeidade deles opera no espaço, mas também ganham força com o uso de camadas espessas de tinta a óleo, bastão, pastel e carvão. Esses materiais conferem profundidade e textura às obras, levando as formas corpóreas ao limite do figurativo.

As pinturas de Falcão evidenciam um domínio notável da cor, utilizada para construir camadas e representar uma ampla gama de tonalidades de pele. A artista demonstra controle refinado da luz e da sombra, destacando detalhes corpóreos que orientam o olhar do espectador. Longe de se limitar à representação realista, Falcão explora as expressividades do corpo, distorcendo-o e fragmentando-o para revelar as histórias e complexidades que o atravessam. Suas pinceladas marcantes e expressivas tornam visível o gesto, conferindo textura, densidade e movimento às obras. Embora as formas corpóreas ainda sejam reconhecíveis, elas se situam em um estado liminar, dissolvendo-se em volutas e massas pictóricas que desafiam definições fixas. Essa abordagem tensiona não apenas a percepção do público, mas também os signos imagéticos e compositivos da própria pintura.

 

Ana Paula Lopes

Márcia Falcão (Rio de Janeiro, 1985. Vive no Rio de Janeiro) explora, em suas pinturas de gestos marcados e tinta espessa, a relação entre o corpo feminino e a materialidade da pintura. Nascida e criada no subúrbio do Rio de Janeiro, sua obra se inspira nesse contexto, utilizando tons terrosos e vermelhos para representar corpos de forma visceral. Suas telas retratam a violência sistemática vivida por mulheres, especialmente negras e periféricas, assim como momentos de êxtase, criando uma tensão entre dor e prazer. Sua produção reflete a urgência dos temas e sua vivência pessoal na periferia carioca. Expôs no Instituto Inclusartiz e no Museu de Arte do Rio, ambos no Rio de Janeiro, e no Pivô e no Sesc Pompeia, em São Paulo.