Laure Prouvost é uma contadora de histórias. A artista desenvolveu sua prática partindo do cinema estrutural até chegar a uma forma única e sensorial de cinema expandido, testando de forma constante o potencial da imaginação na percepção da realidade e questionando convenções herdadas e dominantes de percepção. Seu trabalho combina desenho, escultura, imagem em movimento e recorrentes reinvenções das convenções dos meios que utiliza.
Ela emprega tecnologias de mídia de forma inventiva, atribuindo-lhes traços humanos, como sensações emocionais ou sensuais, e incorpora materiais orgânicos, como plantas, assim como elementos altamente industriais, criando instalações multimídia imersivas que estimulam a percepção e a imaginação do visitante por meio de uma experiência multissensorial. A artista explora as relações delicadas entre a percepção humana e as vastas forças – invisíveis, na maioria das vezes – que moldam nossa existência: forças mais-que-humanas que se estendem do nível subatômico da mecânica quântica às dinâmicas cósmicas e planetárias, expansivas e em constante transformação.
Para a Bienal, Prouvost montou uma nova instalação multimídia cinética e delicada, semelhante a um lustre, concebida especificamente para o espaço central do Pavilhão, conectando os níveis arquitetônicos e conceituais da exposição. A instalação é inspirada no poema de Conceição Evaristo e em seu convite para que se explorem outros caminhos e modos de ver, perceber, pensar, mover-se e, em última instância, de existir e de ser guiado por todos os sentidos. Seu componente central é uma planta trepadeira, incentivada a crescer livremente e encontrar seus próprios caminhos ao longo da duração da exposição, cujos sons de crescimento são amplificados no espaço. Como é característico de Prouvost, esse núcleo vivo é complementado por outros materiais orgânicos, como plantas secas encontradas e sementes – que podem cair sobre os visitantes enquanto percorrem a Bienal e ser carregadas para fora da exposição e espalhadas pelo mundo. Essas sementes naturais se juntam a materiais inorgânicos, incluindo seus icônicos seios de vidro, para seduzir e estimular a imaginação do público.
Seguindo ideias em torno da “ultrapassagem de limites”, a instalação explora noções de controle, sensualidade e o vasto campo do possível.