Korakrit Arunanondchai é um artista visual e cineasta cuja prática se desenvolve entre Nova York e Bangkok, articulando referências da cultura pop, espiritualidades, geopolítica e tecnologia. Sua obra combina pintura, performance e vídeo para construir narrativas híbridas que misturam realidade e ficção, passado e futuro, indivíduo e coletivo. Para a 36ª Bienal de São Paulo, o artista apresenta uma videoinstalação que aprofunda sua pesquisa sobre o uso do gênero de horror asiático como veículo para pensar as relações pós-coloniais e as estruturas extrativistas da arte ocidental.
Em Unity for Nostalgia [Unidade por nostalgia] (2025), Arunanondchai interpreta o papel de um artista que viaja à Tailândia em busca de uma suposta “cultura tradicional” personificada pela figura de um fantasma que precisa de carne humana para continuar existindo. A figura encarna, nesse percurso, a consciência ocidental diante do “Oriente espiritual”. O fantasma, por sua vez, é metáfora viva da persistência de memórias e estruturas apagadas pelas narrativas dominantes da história. A obra recorre à gramática do horror para pensar o apagamento e a extração cultural como formas de violência contínua.
A narrativa se desenrola em dois cenários contrastantes, porém interligados: um palco feito de cinzas, onde o artista atua, e um cinema abandonado tomado por macacos. Esses ambientes são atravessados por ciclos de calor, energia e espírito, sugerindo uma coreografia entre o material e o imaterial, o dito e o não dito. Como o próprio artista destaca, o horror no Sudeste Asiático opera de maneira análoga à ficção científica – como um campo de projeção de medos, esperanças e fantasmas históricos. Por meio desse imaginário, Unity for Nostalgia cria espaço para encontro e conflito, revelando camadas de memórias e de expectativas que permanecem latentes.
Reconhecido internacionalmente, Arunanondchai já apresentou seus trabalhos em mostras individuais em instituições renomadas. É também idealizador da plataforma GHOST, dedicada à videoarte na Ásia. Sua obra tem sido fundamental para pensar as interseções entre arte contemporânea, espiritualidade e as reverberações do colonialismo no Sudeste Asiático.