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6 set 2025–11 jan 2026
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Frank Bowling

Frank Bowling

1.

Frank Bowling, “Silence: People Die Crying When They Should Love”. Arts Magazine, v.45, n.1, set.-out. 1970, p.32.

2.

‘The Subject of Painting Is Paint’: On Frank Bowling”, The Nation, 10 jan. 2024.

Margarita Lila Rosa
Traduzido do inglês por Mariana Nacif Mendes e Nicolas Brandão

 

A prática de Frank Bowling inspira-se na pintura de campo de cor e no expressionismo abstrato. A prioridade que dá ao processo e às propriedades da tinta é fundamental em suas obras. Combinando abstração, paisagens e cartografia, sua produção caracteriza-se por uma relação experimental e espontânea com a forma, a cor e a estrutura. Com uma prática em constante evolução, Bowling começou a sua carreira com uma pintura mais figurativa antes de passar para a abstração pura na década de 1970, enraizando o seu trabalho numa convergência de técnicas e estilos que permanece evidente em sua obra até os dias de hoje.

“A negritude não é mais bem expressa no sentido literal pela pintura de um rosto negro do que o é por uma linha negra”1, escreveu Frank Bowling em 1970. Não existe um símbolo que represente a experiência da negritude mais do que outro símbolo. A abstração é tão eficaz quanto a figuração na construção do significado negro, talvez porque nenhuma das duas seja eficaz. Os símbolos nas pinturas de Bowling são uma coleção de significantes iconográficos que o artista organiza em séries temáticas. Apoiando-se na abstração, Bowling cria arranjos composicionais que mantêm-se como vestígios opacos de massas terrestres e formas.

Sul-americano, nascido na Guiana, Bowling passou sua carreira de mais de seis décadas vivendo entre Londres e Nova York. A escolha do artista de representar as formas dos continentes e ilhas reflete uma eliminação das relações assumidas entre cor e identidade, nação e personalidade. Formas que antes pareciam representativas, como continentes e ilhas, são abstraídas para revelar que mesmo a ilusão da forma tem uma grande influência na mensagem extraída da pintura. Para Bowling, “o tema da pintura é a tinta”, afirmou o filho do artista, Ben Bowling, em 2024.2 A ilusão de significado tem sua base na percepção dos elementos formais pelo olho humano.

Comprometidas com o processo, as composições de Bowling também questionam a política da cartografia, um motivo onipresente em sua obra. Na série Map Paintings [Pinturas de mapas] (1967-1971), o continente sul-americano começa como um contorno formal atribuído às fronteiras cartográficas, tornando-se depois um resquício de uma forma para além da cartografia. O motivo é abstraído à medida que o continente se torna uma amalgamação de retângulos e, mais tarde, linhas verticais que se estendem do topo de uma pintura até a parte inferior. Em abstrações que parecem retratar horizontes ou paisagens, encontramos motivos de continentes e linhas longitudinais que parecem revelar-se novamente. A ideia de forma, horizonte, atmosfera, fronteira e costa, no entanto, é apenas uma ilusão visual.

Margarita Lila Rosa
Traduzido do inglês por Mariana Nacif Mendes e Nicolas Brandão
Parede laranja com grandes pinturas coloridas
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Parede vermelha com pinturas coloridas
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Parede vermelha com pinturas coloridas
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Parede laranja com grandes pinturas coloridas
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Parede rosa com pinturas coloridas, cores predominantes são tons de verde e laranja
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Parede rosa com pinturas coloridas
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Parede rosa com pinturas coloridas
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Parede rosa com pinturas coloridas
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Parede laranja com grandes pinturas coloridas
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Parede vermelha com pinturas que mostram mapa da América do Sul
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Parede vermelha com pinturas que mostram mapa da América do Sul
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Parede vermelha com pinturas que mostram mapa da América do Sul
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Parede rosa com pinturas em tons de azul e branco
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Parede rosa com pinturas em tons de azul e branco
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Parede rosa com pinturas em tons de azul e branco
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Parede rosa com grandes pinturas coloridas
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Parede rosa com grandes pinturas coloridas
Vista de obras de Frank Bowling durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo

Frank Bowling (Bartica, Guiana Britânica, 1934. Vive e trabalha em Londres) é pintor cuja obra transita entre a abstração e a experimentação com cor, luz e geometria. Mudou-se para Londres em 1953 e formou-se no Royal College of Art, onde recebeu a medalha de prata em pintura. Iniciou sua carreira com pinturas figurativas, mas desenvolveu uma prática abstrata marcada por composições em larga escala e investigações sobre o potencial expressivo da tinta. Sua obra está presente em importantes acervos, incluindo Tate (Londres), Museum of Modern Art e Whitney Museum of American Art (Nova York), entre outros.

Esta participação é apoiada por British Council, como parte do Ano da Cultura Brasil/Reino Unido 2025-2026.

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