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6 set 2025–11 jan 2026
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Forugh Farrokhzad

Forugh Farrokhzad

Deliasofia Zacarias
Traduzido do inglês por Gabriel Bogossian

 

Uma tempestade de emoções cruas e de verdade inabalável, a poesia de Forugh Farrokhzad (1934-1967) se tornou uma força luminosa na literatura do século 20. Sua obra estilhaçou os confins da poesia clássica persa, pondo de lado estruturas tradicionais para falar em verso livre, desnudando as paisagens íntimas do amor, da saudade e da libertação.

Íntimos e confessionais, seus poemas são janelas para sua alma, desdobrando camadas de vulnerabilidade, anseios e desilusão silenciosa. Farrokhzad oferece um ousado retrato de uma experiência feminina que muitas talvez já encararam e talvez ainda encarem, tanto em sua beleza incômoda quanto em sua dor silenciosa. Suas palavras pulsam com sensibilidade e ousadia. Sua honestidade nua e desarmada, uma força tanto quanto uma fragilidade, destacava-a, desafiando as convenções de seu tempo.

O estilo de Farrokhzad é marcado por uma imagística vívida e às vezes perturbadora, que comunica seu turbilhão emocional e suas questões existenciais. Com frequência aventurando-se em panoramas surreais e quase oníricos, nos quais a fronteira entre a contenção isolada e a liberdade imaginada se torna fluida, sua obra reflete o vai e vem de sua mente ávida, que se aferrava sem reservas aos limites da existência humana.

Por meio de obras como Another Birth [Outro nascimento] (1964) e The Captive [A prisioneira] (1955), Farrokhzad explorou temas ligados ao confinamento – tanto visto quanto não visto –, investigando as amarras emocionais e sociais que limitavam as mulheres (no Irã e em outros lugares, assim como hoje). Seus poemas se tornaram um hino por liberdade, uma súplica por libertação de conflitos pessoais e do peso da opressão cultural e social. Sua linguagem feroz e delicada entrelaça o firme e o lírico, criando uma tensão que perdura bem depois do último verso.

A despeito de seu falecimento súbito aos 32 anos, o legado de Forugh Farrokhzad ecoa muito além das fronteiras da literatura iraniana. Sua poesia permanece um farol de resistência, autenticidade e empoderamento. Suas palavras, antes consideradas poesia de protesto, continuam a falar às lutas e triunfos daqueles que ousam desafiar nossas condições existentes, tornando sua obra não só relevante, mas essencial nos debates atuais sobre gênero, sexualidade, liberdade e justiça social. Sua voz continua a inflamar movimentos feministas e a inspirar poetas pelo mundo todo. Sua poesia e seus filmes atestam o poder não dito das palavras e a coragem necessária para desafiar o silêncio, erguendo-se acima das limitações sociais e abraçando as profundidades complexas da existência humana. Por meio de sua obra, ela nos convida a levar em conta os desejos do coração e a busca da alma pela autoexpressão.

Deliasofia Zacarias
Traduzido do inglês por Gabriel Bogossian

Forugh Farrokhzad (1934–1967, Teerã) foi uma poeta e autora modernista , reconhecida por sua postura feminista e por desafiar as convenções sociais de sua época. Sua obra explorou o desejo feminino, a sensualidade e as restrições culturais impostas às mulheres, oferecendo voz às experiências íntimas e emocionais das mulheres em sua sociedade. Além da poesia, dedicou-se à tradução de autores como George Bernard Shaw e Henry Miller, e realizou um documentário inovador sobre uma colônia de hansenianos no nordeste do Irã, ampliando seu campo de atuação artística. Após a Revolução Islâmica de 1979, sua produção foi banida e submetida à censura durante quase uma década. Seus poemas inspiraram outras produções literárias, composições musicais e ensaios críticos.