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6 set 2025–11 jan 2026
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Forensic Architecture / Forensis

Forensic Architecture / Forensis

Texto fornecido pelos artistas
Traduzido do inglês por Sylvia Monasterios

 

É sabido que os colonizadores europeus esgotaram os recursos culturais e naturais da África Ocidental, assim como suas populações. Mas uma história menos contada é como esse saque histórico prenunciou a extração contemporânea de recursos, acelerando o colapso ecológico. A Forensic Architecture/Forensis traz suas ferramentas de visualização para essa narrativa, partindo da invasão de 1897 do “Reino da Floresta” de Benin, executada pelos britânicos.

Desafiando os contextos legais ocidentais, nos quais o testemunho é um ato institucionalmente regulado e limitado, The People’s Court I [O Tribunal do Povo I] (2025) propõe um testemunho transgeracional imersivo e emergente, probatório e generativo. Por meio de depoimentos ao vivo e gravados, testemunhas ocupam um espaço dentro de reconstruções digitais dinâmicas de ecologias transatlânticas que foram arrancadas e erodidas ao longo do “continuum do extrativismo”. 

The People’s Court I é a primeira fase de Delta-Delta, uma investigação plurianual sobre o complexo petro extrativista transatlântico que ocupa terras e comunidades no chamado Cinturão Verde Transatlântico, termo especulativo para uma floresta outrora contínua na Pangeia, há muito dividida pelas placas tectônicas em uma “diáspora ecológica”. Seus vestígios se estendem desde os bosques sagrados do delta do Níger até os cemitérios arborizados dos povos escravizados da Louisiana. Agora, comunidades dos deltas do Níger e do Mississippi se unem no Brasil, terceiro ecótono, para testemunhar a morte e a ruptura transtemporal exportadas de “pontos sem retorno”, e para celebrar a resistência intergeracional que tece visões reparadoras do futuro.

The People’s Court I nasceu de um diálogo com Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, inspirado na canção homônima de Mutabaruka, e foi concebido por Tobechukwu Onwukeme e Imani Jacqueline Brown. Entre os parceiros estão Uyilawa Usuanlele, Institute for Benin Studies, Home of Mother Earth Foundation e Museum of West African Art (Nigéria), Rise St. James e Descendants Project (Estados Unidos).

Texto fornecido pelos artistas
Traduzido do inglês por Sylvia Monasterios
Uma tela grande e levemente curvada, mostrando fogo no mar.
Vista de Delta-Delta: The People’s Court I, de Forensic Architecture / Forensis, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Iza Guedes / Fundação Bienal de São Paulo
Uma tela grande e levemente curvada mostrando a legenda
Vista de Delta-Delta: The People’s Court I, de Forensic Architecture / Forensis, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Uma tela grande e levemente curvada, mostrando imagens de soldados em preto e branco, com a a legenda
Vista de Delta-Delta: The People’s Court I, de Forensic Architecture / Forensis, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Uma tela grande e levemente curvada, mostrando fogo no mar, com a a legenda
Vista de Delta-Delta: The People’s Court I, de Forensic Architecture / Forensis, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Uma tela grande e levemente curvada mostrando uma arma sendo segurada com a a legenda
Vista de Delta-Delta: The People’s Court I, de Forensic Architecture / Forensis, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Uma tela grande e levemente curvada mostrando imagens aéreas.
Vista de Delta-Delta: The People’s Court I, de Forensic Architecture / Forensis, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Uma tela grande e levemente curvada mostrando imagens aéreas de um espaço arborizado. Em frente à tela, algumas pessoas assistem.
Vista de Delta-Delta: The People’s Court I, de Forensic Architecture / Forensis, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo

Forensic Architecture ​(fundado em 2010, Londres) é um grupo de pesquisa multidisciplinar baseado no Goldsmiths, University of London, dedicado à investigação de casos de violência estatal e violações de direitos humanos ao redor do mundo. Utilizando técnicas e tecnologias da arquitetura, o grupo produz análises espaciais que contribuem para a construção de evidências em processos jurídicos e debates públicos. Sua equipe reúne arquitetos, acadêmicos, artistas, cineastas, desenvolvedores de software, jornalistas investigativos, arqueólogos, advogados e cientistas, formando um coletivo interdisciplinar comprometido com a busca de justiça e responsabilização. O grupo apresentou seu trabalho em instituições como London Design Biennale e Institute of Contemporary Arts, em Londres, Whitworth Art Gallery (Manchester) e a Whitney Biennial (Nova York).​ Forensis (fundado em 2021) é a agência-irmã de Forensic Architecture localizada em Berlim. O grupo apresentou seu trabalho em instituições como Staatliche Kunstsammlungen (Dresden), DEPO (Istambul), e Haus der Kulturen der Welt (Berlim).

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