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6 set 2025–11 jan 2026
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Ana Raylander Mártis dos Anjos

Ana Raylander Mártis dos Anjos

Nkule Mabaso
Traduzido do inglês por Sylvia Monasterios

 

A prática de Ana Raylander Mártis dos Anjos se desenvolve por meio de projetos de pesquisa de longa duração. Na obra de grande escala A casa de Bené (2025), Raylander volta seu questionamento investigativo para si mesma e seu núcleo familiar: “Estes fragmentos são o que sobrou da casa do meu bisavô, todos usados ou feitos por ele: um pedaço de cipó com uma base; um isqueiro em forma de bala; um cesto de bambu; uma cabaça; varas compridas e curtas de pau-mulato; e uma pequena caixa de madeira”.

A partir de um conjunto de objetos remanescentes da casa de pau a pique construída por seu bisavô Benedito Cândido, posteriormente demolida, Raylander constrói uma instalação que busca reconhecer a influência criativa do bisavô em sua formação política e poética. A artista ergue os alicerces da casa de Bené no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, trabalhando com materiais já recorrentes em sua prática – esculturas de colunas totêmicas têxteis, compostas de amarrações de tecidos obtidos de fibras naturais, tricôs de lã, camisas de algodão e tiras de couro –, ao mesmo tempo que incorpora novas técnicas e materiais. Entre esses novos elementos estão cestos de latão, esculturas e os objetos herdados da casa do bisavô, procurando resgatar a memória da família. Entre os itens efêmeros da instalação está um esboço da planta baixa da casa de Bené, desenhado por Efigênia, avó da artista, reforçando o compromisso de Raylander em explorar as possibilidades de reconstrução das histórias pessoais.

Distribuída pelos três andares do Pavilhão e disposta de maneira calculada e orgânica, a obra investiga as estruturas familiares como instituições duradouras, impostas tanto na memória quanto na forma. Sua importância é elevada pelo uso do bronze e pela presença simbólica das colunas, que representam os nove filhos do bisavô de Raylander. Os conjuntos de cestos metálicos remetem ao contexto local: a pequena cidade de Bela Vista de Minas (Minas Gerais), onde a atividade mineradora convive em contraste com práticas tradicionais como a cestaria. Desses cestos emergem esculturas têxteis que serpenteiam pelo espaço, funcionando como um cordão umbilical que conecta toda a instalação. Os sete objetos originais estão dispostos individualmente em alguns dos cestos, enquanto os demais contêm carvão, pedra, terra, minério, tabaco e outros materiais orgânicos que fazem parte da ecologia e da história daquele território e da família de Bela Vista de Minas. A totalidade desses elementos se entrelaça para tecer narrativas sobre história familiar, lugar, nação e pertencimento.

Nkule Mabaso
Traduzido do inglês por Sylvia Monasterios
Vista de três andares expositivos, com colunas finas, revestidas de cordas em cores terrosas como marrom, preto, laranja e branco, que começam no teto do andar de cima e continuam, atravessando os pisos, até o chão do andar de baixo. No chão, cestos de palha, pedaços menores de coluna deitados e pilhas de cordas coloridas.
Vista de A Casa de Bené, de Ana Raylander Mártis dos Anjos, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Várias colunas dispostas em diferentes ângulos, do teto ao chão, inteiramente cobertas por diferentes cordas de tecidos retorcidos e amarrados em cores terrosas como marrom, amarelo, branco e laranja. No chão, cestas de madeira, cordas coloridas e pedaços menores de colunas, também revestidos de cordas.
Vista de A Casa de Bené, de Ana Raylander Mártis dos Anjos, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Vista de três andares expositivos, com colunas finas, revestidas de cordas em cores terrosas como marrom, preto, laranja e branco, que começam no teto do andar de cima e continuam, atravessando os pisos, até o chão do andar de baixo. No chão, cestos de palha, pedaços menores de coluna deitados e pilhas de cordas coloridas.
Vista de A Casa de Bené, de Ana Raylander Mártis dos Anjos, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Várias colunas dispostas em diferentes ângulos, do teto ao chão, inteiramente cobertas por diferentes cordas de tecidos retorcidos e amarrados em cores terrosas como marrom, amarelo, branco e laranja. No chão, cestas de madeira, cordas coloridas e pedaços menores de colunas, também revestidos de cordas.
Vista de A Casa de Bené, de Ana Raylander Mártis dos Anjos, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Várias colunas dispostas em diferentes ângulos, do teto ao chão, inteiramente cobertas por diferentes cordas de tecidos retorcidos e amarrados em cores terrosas como marrom, amarelo, branco e vermelho. No chão, cestas de madeira, cordas coloridas e pedaços menores de colunas, também revestidos de cordas.
Vista de A Casa de Bené, de Ana Raylander Mártis dos Anjos, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Várias colunas dispostas em diferentes ângulos, do teto ao chão, inteiramente cobertas por diferentes cordas de tecidos retorcidos e amarrados em cores terrosas como marrom, amarelo, branco e laranja. No chão, cestas de madeira, cordas coloridas e pedaços menores de colunas, também revestidos de cordas.
Vista de A Casa de Bené, de Ana Raylander Mártis dos Anjos, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Várias colunas dispostas em diferentes ângulos, algumas do teto ao chão, e três menores, duas encostadas na parede e outra disposta sobre o chão, inteiramente cobertas por diferentes cordas de tecidos retorcidos e amarrados em cores terrosas como marrom, amarelo, branco e vermelho. No chão, algumas cestas de palha vazias, e algumas pilhas de cordas vermelhas e roxas.
Vista de A Casa de Bené, de Ana Raylander Mártis dos Anjos, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Várias colunas dispostas em diferentes ângulos, algumas do teto ao chão, e duas menores, uma encostada na parede e outra disposta sobre o chão, inteiramente cobertas por diferentes cordas de tecidos retorcidos e amarrados em cores terrosas como marrom, amarelo, branco e vermelho. No chão, algumas cestas de palha vazias, e algumas pilhas de cordas vermelhas e roxas.
Vista de A Casa de Bené, de Ana Raylander Mártis dos Anjos, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Várias colunas dispostas em diferentes ângulos, do teto ao chão, inteiramente cobertas por diferentes cordas de tecidos retorcidos e amarrados em cores terrosas como marrom, amarelo, branco e laranja. No canto direito, uma cesta de palha vazia tombada, e ao fundo, uma pilha de cordas coloridas.
Vista de A Casa de Bené, de Ana Raylander Mártis dos Anjos, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo
Várias colunas dispostas em diferentes ângulos, do teto ao chão, inteiramente cobertas por diferentes cordas de tecidos retorcidos e amarrados em cores terrosas como marrom, amarelo, branco e laranja. No canto esquerdo, uma pilha de cordas coloridas.
Vista de A Casa de Bené, de Ana Raylander Mártis dos Anjos, durante a 36ª Bienal de São Paulo © Natt Fejfar / Fundação Bienal de São Paulo

Ana Raylander Mártis dos Anjos (1995. Vive em São Paulo, Brasil) desenvolve uma prática voltada à construção de relações entre a história coletiva e a sua própria por meio de projetos de longa duração. Com formação em palhaçaria, é bacharel em artes visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais, e realizou intercâmbio em arte e multimídia pela ESG, em Portugal. Foi contemplada com bolsas e residências plo Museu de Arte da Pampulha (Belo Horizonte, Brasil) e pelo MAM Rio – Museu de Arte Moderna (Rio de Janeiro, Brasil) Recebeu o Prêmio de Novos Artistas do Memorial Minas Gerais Vale e o Prêmio EDP nas Artes. Realizou exposições individuais no Paço das Artes (São Paulo), no Centro Cultural São Paulo e no Edificio Área Panorámica de Tui (Espanha). Tem textos sobre sua obra publicados por instituições como MASP, MAM Rio e Museu Paranaense, entre outras.

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