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6 set 2025–11 jan 2026
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Amina Agueznay

Amina Agueznay

Meriem Berrada
Traduzido do inglês por Sylvia Monasterios

 

Amina Agueznay desenvolve uma prática artística profundamente enraizada no saber artesanal e nas histórias humanas que o moldam. Seu trabalho parte de uma abordagem de campo que privilegia a imersão, a troca e o compartilhamento de habilidades com artesãos de diversas regiões do Marrocos. Há quase três décadas, ela tece um diálogo entre técnicas vernaculares e formas contemporâneas, explorando as dinâmicas de transmissão e transformação que estão no centro das práticas tradicionais. A experimentação constante com materiais é o cerne de seu processo. Lã, hena, prata, pedra e fibras vegetais são vetores de uma reflexão sobre memória, lugar e transformação. Por meio desses materiais vivos, Agueznay questiona gestos herdados, reconfigura-os e os converte em formas que dialogam com o espaço. As obras modulares, muitas vezes concebidas como conjuntos, refletem um desejo de continuidade e metamorfose. Cada instalação e cada objeto encarnam um equilíbrio delicado entre o respeito pelo legado técnico (ou conhecimento ancestral) e sua reinvenção dentro do contexto contemporâneo.

As interações de Agueznay com artesãos vão além da produção de obras – representam uma pesquisa coletiva em que a expertise não é apenas valorizada, mas também questionada e expandida. A transmissão torna-se um ato criativo, uma troca que transcende o ateliê ou a cooperativa e abre espaço para reflexões mais amplas sobre o papel da tradição em nossas sociedades contemporâneas. Suas instalações modulares, têxteis, escultóricas ou ornamentais exploram a temporalidade e a flexibilidade. Elas são montáveis, reconfiguram-se e se reinventam, como uma paisagem em transformação perpétua. Agueznay brinca com a escala e o volume, alternando entre a monumentalidade e a intimidade, a estrutura e o detalhe, criando ambientes imersivos que envolvem física e sensorialmente o espectador no material e em seu potencial narrativo.

Ela concebe a arte como um espaço de experimentação em que a tradição e a inovação coexistem. Seu trabalho celebra tanto a excelência do artesanato quanto a força de um propósito comum, afirmando a importância de um diálogo contínuo entre passado e presente, entre a mão que molda e a mente que imagina. Para além da forma e do material, a prática de Agueznay é uma meditação sobre o humano como força dinâmica, engajada na interação e na busca incessante. Por meio de encontros e trocas, suas obras desconstroem assimetrias, convidando a um mundo onde a transmissão não é um ato estático, mas uma negociação viva entre saber, experiência e sensibilidade. Nesse espaço de cocriação, a alegria e a beleza não são apenas enfeites: são forças gravitacionais, atos políticos que sustentam o equilíbrio de nossos mundos. Amina Agueznay nos convida a imaginar um futuro ancorado em nossa humanidade compartilhada, tecido a partir da tradição e do devir, da matéria e da memória, do indivíduo e da comunidade.

Meriem Berrada
Traduzido do inglês por Sylvia Monasterios

Amina Agueznay (Casablanca, 1963. Vive e trabalha em Marrakech e Casablanca) é uma artista multidisciplinar que combina estruturas arquitetônicas, materiais tradicionais reinterpretados e colaboração com artesãos em obras que variam do pequeno ao monumental. Formada em arquitetura, atuou nos Estados Unidos por uma década antes de retornar ao Marrocos, onde iniciou uma pesquisa sobre práticas artesanais locais. Suas obras evocam a arte da transmissão e o fazer coletivo. Participou da 16ª Bienal de Lyon e de exposições na Haus der Kulturen der Welt (Berlim) e no Museum of African Contemporary Art Al Maaden – MACAAL (Marrakech). Suas obras integram as coleções do Centre Pompidou e do Centre national des arts plastiques, em Paris, e do MACAAL (Marrakech). Publicações incluem Amina Agueznay e Our Land Just Like a Dream.

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