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6 set 2025–11 jan 2026
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⁠Hao Jingban

⁠Hao Jingban

André Pitol
Traduzido do inglês por Sylvia Monasterios

 

O vídeo I understand [Eu entendo] (2020), de Hao Jingban, começa com uma mensagem simples: “Para meu amigo”, gravada com a própria voz da artista. Essa dedicatória íntima estabelece o tom para todo o filme de 21 minutos, que se desdobra em imagens de arquivo, reportagens e trechos de redes sociais de um passado recente tão turbulento quanto instigante, levantando questões sobre como nos comportamos e, sobretudo, como agimos diante de uma violência iminente e generalizada.

O documentário funciona como uma espécie de testemunho. No auge da pandemia, inúmeras tensões sociopolíticas se desencadearam, e as desigualdades de classe e raça ficaram escancaradas. Em meio à crise, o movimento Black Lives Matter eclodiu, e Hao incorporou em seu trabalho imagens de arquivo de protestos nos Estados Unidos. Os ensinamentos, conflitos e pontos de consenso do movimento são apresentados e compartilhados com o público de forma empática. Essas imagens se entrelaçam com uma gravação de Max Roach e Abbey Lincoln interpretando a canção “Tears for Johannesburg” [Lágrimas para Joanesburgo], além da célebre declaração de Nina Simone de que “o dever do artista é refletir os tempos”; duas articulações distintas da busca por liberdade e fraternidade.

A obra foi criada durante uma residência artística que Hao realizou em Berlim no primeiro ano da pandemia de covid-19. I understand surge como um resultado direto de sua experiência como uma artista chinesa enfrentando a intensa discriminação racial do Ocidente contra cidadãos chineses. Hao encontrou solidariedade ao se juntar a um movimento que se manifestava contra a segregação e o racismo, fazendo com que I understand ecoasse diversos outros projetos de colaboração e união entre artistas negros e asiáticos em momentos históricos críticos do século 20.

André Pitol
Traduzido do inglês por Sylvia Monasterios

Hao Jingban (Taiyuan, 1985. Vive em Pequim) trabalha com filme e vídeo para investigar a distância histórica entre o espectador contemporâneo e o passado. Sua prática, baseada em pesquisa, inclui estudos de arquivo, entrevistas e performance. Suas obras entrelaçam narrativas pessoais com histórias coletivas, da dança de salão na China pós-Revolução Cultural ao cinema do nordeste chinês dos anos 1930. Seus projetos recentes refletem sobre os efeitos psicológicos da COVID-19, da guerra na Ucrânia e do movimento Black Lives Matter. Recebeu prêmios da Han Nefkens Foundation, do Mori Art Museum e do Singapore Art Museum. Realizou individuais no Matadero Madrid e na UCCA Pequim. Participou de coletivas no Centre Pompidou (Paris), Museum of Fine Arts (Boston), Bienal Mediacity de Seul e Bienal de Xangai.